tag:blogger.com,1999:blog-78347714247820765422024-02-08T18:04:13.721+00:00Homens-EsplanadaCruzam os céus da Metrópole com as suas capas de destilados e fermentados, não querem salvar a Humanidade .Não querem ser salvos.idle_consultanthttp://www.blogger.com/profile/10953331307473350038noreply@blogger.comBlogger10125tag:blogger.com,1999:blog-7834771424782076542.post-79041335054387190162010-02-08T16:47:00.002+00:002010-02-08T16:48:02.191+00:00<span style="font-style: italic; font-weight: bold;">10.</span><br />Estimado primo,<br /><br />Espero que esta missiva te encontre a ti e ao teus… que te encontre ao menos já basta.<br />Desde que partiste as coisas por cá continuam iguais, as mesmas como as lesmas, mas com um copo vazio e bafiento à tua espera, sabes bem qual é, aquele do Sumol, verde e com borda lascada em que adoravas beber o tinto de caixa de cartão e em que cortavas o lábio de quase todas as vezes.<br /><br />Confio, tenho a mais absoluta certeza de que apesar de estares longe da tua família e da calçada que tantas vezes lambeste e fez de ti a nódoa negra coriácea que és hoje e um ser humano bastante razoável, de que continuas a embriagar-te religiosamente como se o fim do mundo fosse já ali ao virar da esquina.<br /><br />Nós por cá estamos todos bem, escusas de ficar em cuidados, não nos tem faltado o que comer e muito menos o que beber. De vez em quando o sol raia. Reluz nas mesas da esplanada, mesas novas estas agora, ainda sem história, sem cicatrizes, demasiado polidas ainda. Mas isso resolve-se, tudo se irá compor.<br /><br />Toma cuidado meu primo com os rigores do Inverno dessa terra que agora adoptaste, não vão eles te apanhar desprevenido e em mangas de camisa numa das tuas expedições ao fundo do copo. Lembra-te que esses ossos são para serem devorados pelos vermes da pátria que te viu nascer e vomitar vezes sem fim.<br /><br />Não te importuno mais primo, foi bom ter novas tuas. A tua família cá te espera.<br /><br /><span style="font-style: italic;">À tua! Até breve.</span>idle_consultanthttp://www.blogger.com/profile/10953331307473350038noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7834771424782076542.post-42596084136480942232009-04-28T13:05:00.006+01:002009-04-28T13:10:28.249+01:00<span style="font-weight: bold; font-style: italic;">9.</span><br />Seguiam a mais de duzentos à hora sem capacete, de cabelo ao vento, agrafados ao sofá ao velho. Primos de álcool. Uns Três Duques alarvemente ébrios e destemidos a fugir dos maus.<br /><br /><span style="font-style: italic;">“Nunca nos apanharão vivos, cabrões!”</span> e outros clichés do género.<br /><br />Duzentos e muitos, num sofá velho, a bater o red line é obra. A qualquer momento a coisa pode-se desconjuntar toda enquanto perseguimos a televisão com a imagem desfocada e as cores queimadas. O perigo é real. Quase, quase a capotar na curva da morte.<br /><br /><span style="font-style: italic;"><span style="font-weight: bold;">“CABOOOOOOMMMM!”</span> – Hiroshima, Meus Neurónios.</span><br /><br />A devastação pós-apocalíptica que sucede ao pequeno cogumelo de fumo que se formou dentro do cabeção é digna de um <span style="font-style: italic;">anime</span>. Eles, os neurónios, pressentem o perigo, temem uns pelos outros. A viagem da ponta do nariz às profundezas do cérebro é veloz.<br /><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">“Run Forrest, run…”</span> – que te apanham, os vapores das coisas idiotas da vida.<br /><br />É o Poço da Morte em patins. O <span style="font-style: italic;">bungee jump</span> em elástico do economato. Daqueles grossos, claro.<br /><br />Fugimos a alta velocidade da suburbanidade letal que ataca a plebe com sonhos de <span style="font-style: italic;">“picket white fences”</span> mas sem as <span style="font-style: italic;">“picket white fences”</span>, dos belos apartamentos, amplos de lindas vistas para a auto-estrada. E os acessos, ai os acessos… tudo ali tão perto.<br /><br /><span style="font-style: italic;">“Daqui podemos ir para qualquer lado.”</span> – asseguram, não indo a lugar algum.<br /><br /><span style="font-style: italic;">“Passat por mim no Rossio”</span>. Quase sempre cinzentas, passam por mim na domingueira voltinha dos tristes. Famílias inteiras a exibir o quão mais <span style="font-style: italic;">“cagalhões”</span> são que os outros. A marcha é lenta, lenta.<br /><br /><span style="font-style: italic;">Segundas, Quartas, Sextas lixo comum. Terças e Sábados plástico. Quintas papel. Domingos, avós, doentes e deficientes.</span><br /><br />O <span style="font-style: italic;">Enola Gay</span> aproxima-se perigosamente do nosso sofá prestes a desintegrar-se tal é a velocidade a que nos deslocamos, uma velocidade verdadeiramente próxima do ridículo. Observamos a bomba a cair em nossa direcção em câmara lenta. Aquele silvo, que só se ouve nos filmes de guerra.<br /><br /><span style="font-style: italic; font-weight: bold;">“CAAAAABOOOOOOOOOOOOOOM!”</span> – Hiroshima, Nagasaki. Do nosso veículo muito pouco suburbano nada resta, e dos Três Duques de vão de escada apenas restos que nenhum cão rafeiro se atreveria a comer.<br /><br /><span style="font-style: italic;">“Amanhã é outro dia.”</span><br /><br /><span style="font-style: italic;">“Amanhã há mais.”</span><br /><br /><span style="font-style: italic;">“Boa noite!”</span><br /><br />Sempre, sempre a duzentos e muitos, sem capacete e com o vento a bater nos cabelos já brancos.idle_consultanthttp://www.blogger.com/profile/10953331307473350038noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7834771424782076542.post-90778692638737389952009-04-03T15:10:00.004+01:002009-04-28T13:05:49.746+01:00<span style="font-weight: bold; font-style: italic;">8.</span><br />Um Homem-Esplanada não tem medo, tem sede. Um Homem-Esplanada fica muitas vezes retido no trânsito, intestinal. Ninguém escapa ao intestino, não existe nenhum Houdini da merda, nenhum Luís de Matos da sanita. Existe também aquele momento Sherlock Holmes, aquele momento em que a tonalidade da prova produzida permite reproduzir com alguma exactidão o crime.<br /><br /><span style="font-style: italic;">“Beer, wine, hard liquor blended together in a fine mixture of shit.”</span><br /><br />Arrepio caminho agora que há menos trânsito. De volta a mil, nove, nove e quatro aprecia-se a <span style="font-style: italic;">“Parklife”</span>, num shot etílico do mais asqueroso, pulo quinze anos para à frente em constantes capotanços, seguindo pela estrada de tijolinhos amarelos tropeço em <span style="font-style: italic;">“Girls and Boys”</span> que em nove, quatro nem mamavam nas tetas suburbanas das suas mães.<br /><br /><span style="font-style: italic;">“A felicidade é linda e é uma carrinha a diesel.”</span><br /><br />Gosto de os ver espalhados pelo chão, como se fossem pequenos Joaquins Agostinhos que se espetaram de encontro a um cão. Sinto-me o oitavo anão da Branca de Neve, aquele que estava sempre demasiado bêbedo para ir trabalhar na mina e cantar cantigas de intervenção.<br /><br />Tenho que comprar um anão, não sei para quê ainda. Hei-de lhe arranjar um propósito. Mas um anão pouco mais alto que dois rolos de papel higiénico empilhados um em cima do outro. Não gosto de anões muito altos.<br /><br />Sinto-me como a bala na cabeça do Hemingway, velha e enferrujada. É o <span style="font-style: italic;">“Ai foda-se!”</span> do Joaquim Agostinho antes de bater no alcatrão.<br /><br />Caminho triunfante sobre as carcaças dos <span style="font-style: italic;">“Girls and Boys”</span> espalhadas sobre a estrada de tijolinhos amarelos, como se fosse num qualquer filme de guerra dos oitenta, já com a imagem esbatida. Também eu estou esbatido mas não derrotado.idle_consultanthttp://www.blogger.com/profile/10953331307473350038noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7834771424782076542.post-61555706407004427402009-03-03T13:07:00.003+00:002009-03-03T18:22:04.378+00:00<span style="font-weight: bold;">7.</span><br /><span style="font-style: italic;">“You are my sunshine, my only sunshine…”</span> – lambo o pires de amendoins com sal, o terceiro, o meu reflexo no pires é baço e gorduroso. Juro que se semi-cerrar os olhos o Cristo-Rei flutua na espuma da minha imperial. Neste pequeno paraíso todos são livres, as crianças brincam, os traficantes traficam, os cães rebolam, mijam e cagam na relva e os donos dos cães bebem litrosas quentes e rebolam na relva.<br /><br />Já não tenho idade nem estatuto para me espojar assim na relva e ficar com o cú húmido de mijo de cão alheio. Para mim só o mais digno trono do mais ferrugento ferro verde. Os copos de imperial vazios, estão dispostos sobre a mesa como se de um tabuleiro de xadrez desarrumado se tratasse, mais uma rodada para tentar o xeque-mate.<br /><br />Há alturas em que nada já importa, quando a pele já se avermelha do sol, os dedos estão negros da tinta do jornal e as letras do pasquim já me parecem desfocadas. Uma Mulher-Esplanada faz um Sudoku manchado por cerveja.<br /><br />Não percebo o fascínio por um quadrado que tem uns quadrados mais pequenos lá dentro, e imagine-se alguns até números dentro tem. <span style="font-style: italic;">“Exercita o cérebro.”</span> – argumenta a Mulher-Esplanada.<br /><br /><span style="font-style: italic;"> “Faz bem à cabeça.”</span> Ainda demasiado sóbria está esta Mulher-Esplanada hoje.<br /><br />O que exercita o cérebro é o tentar desenlear-se do novelo de álcool e de tudo o mais que se lhe atire para o entorpecer e o que faz bem à cabeça é não acertar com ela na ombreira da porta ou no chão quando se regressa do <span style="font-style: italic;">rodeo</span> etílico.<br /><br /><span style="font-style: italic;">“Please don’t take my sunshine away.”</span>idle_consultanthttp://www.blogger.com/profile/10953331307473350038noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7834771424782076542.post-20534559719607052672009-02-05T17:01:00.000+00:002009-02-05T17:03:37.595+00:00<span style="font-weight: bold;">6.</span><br />Há uma angústia húmida que me incomoda, a chuva que não cessa de cair e os breves lampejos sol que não duram uma <span style="font-style: italic;">“imperial”</span>. É uma angústia como aquela que se tem quando se está numa casa de banho forrada a mármore preto e que tem mini-toalhas que são de pano, pano mesmo para secar as mãos e à primeira mija ofuscados por tanta higiene e beleza nos escorre um <span style="font-style: italic;">fio de urina</span> pela perna das calças de tecido que só se usam em casamentos. E a esplanada ali, solitária a enferrujar.<br /><br />Um Homem-Esplanada, esplanada sempre que pode, mesmo quando as condições são adversas, desde que a Esplanada esteja aberta. Mesmo sob as mais ameaçadoras perspectivas de chuva e trovoada.<br /><br />Aos primeiros pingos de chuva que caiem na imperial indefesa, há uma ânsia e secreta esperança de que a ameaça não se concretize. Pingo após pingo eles caiem, quais esferas do Totoloto com os números que nunca temos.idle_consultanthttp://www.blogger.com/profile/10953331307473350038noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7834771424782076542.post-58008670535384149162009-01-19T16:25:00.001+00:002009-01-19T16:27:49.853+00:00<span style="font-weight: bold;">5.</span><br />Chove lá fora. Está frio. Os dias solarengos de esplanadar ainda vêm longe. E as noite cálidas também. Aos Homens-Esplanda resta-lhes apenas as usas fortalezas de solidão comunitária, os mais pequenos e infectos tascos. Quanto mais parco em dimensões melhor, de modo a reduzir a amplitude de movimentos e a capacidade de infligir danos físicos de um qualquer Homem-Balcão despojado de lucidez.<br /><br />O Homem-Balcão esse animal mítico e belo como a calçada à portuguesa, deve de ser respeitado e venerado pois foi ele permitiu ao Homem-Esplanada rastejar da tasca até à esplanada. Rastejar, literalmente.<br /><br />Deus criou o mundo em sete dias, e ao sétimo dia enquanto Ele descansava, com um golo mal anulado ao Benfica o Homem-Balcão irritou-se e partiu-o todo. E Deus quando acordou criou os amendoins e os tremoços para distrair o Homem-Balcão, e como isso não sendo o suficiente criou também a <span style="font-style: italic;">“sande de courato”</span>.idle_consultanthttp://www.blogger.com/profile/10953331307473350038noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7834771424782076542.post-48591252814431983182009-01-05T13:02:00.002+00:002009-01-05T15:22:26.607+00:00<span style="font-weight: bold;">4.</span><br /><span style="font-style: italic;">“Bloody Mary, bloody, bloody Mary”</span> – vodka, sumo de tomate, imaculada concepção, virgens que pairam sobre árvores. O cordeiro de Deus, o leitão do Diabo. Do alto do banco do bar, qual púlpito prego para um cinzeiro cheio de beatas e uma mão cheia de cascas de pistachios em cima do balcão. O copo de vidro grosso lascado com um resto de whisky no fundo e cinza do último cigarro, o último dos últimos. Ou uma mosca afogada.<br /><br />O estertor das quatro e muitas, só nós os dois, eu e tu. O <span style="font-style: italic;">“Último para o Caminho”</span>. A absolvição e a condenação de um só trago. A angústia do estômago antes de engolir o sapo.<br /><br />O desmontar do equídeo banco sem ser derrubado. Aqueles quatro ou cinco longos passos até ao <span style="font-style: italic;">“o lá fora”</span>.<br /><br /><span style="font-style: italic;">“Queres um táxi?”</span> – diz a voz lá do fundo atrás do balcão. Agradeço e digo que não, com toda a convicção de que já não sou um Hércules e de que as minhas costas já não me permitem fazer tamanhos esforços. E aonde é que iria pôr um táxi? Já tenho lixo a mais em casa.idle_consultanthttp://www.blogger.com/profile/10953331307473350038noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7834771424782076542.post-62404931321963426062008-12-22T17:21:00.002+00:002008-12-22T17:23:44.552+00:00<span style="font-weight: bold;">3.</span><br />Há coisas que me fazem espécie, como as vacas loiras nórdicas ou as charolesas inglesas que se agrafam a pretos de tromba esburacada e ar podre em dias de torreira do Sol na Esplanada, a troco de uma ganza. Há coisas que me atrapalham, como ter as mãos desprovidas de álcool e tabaco. Nada me move contra os pretos. Se vierem atrás de mim fujo.<br /><br />Na verdade gosto tanto de pretos como de brancos, amarelos, castanhos, azuis, verdes… <span style="font-style: italic;">Não gosto!</span> É como gostar de velhinhas de guarda-chuva em punho quando chove. Não se gosta e podemos ficar seriamente feridos. E as <span style="font-style: italic;">“pessoas”</span> nas compras de Natal? Essa corja.idle_consultanthttp://www.blogger.com/profile/10953331307473350038noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7834771424782076542.post-9114628251273669322008-12-12T13:22:00.000+00:002008-12-12T13:24:00.927+00:00<span style="font-weight: bold;">2.</span><br /><span style="font-style: italic;">“Estamos no bom caminho”</span> – disse ele com toda a propriedade de um verdadeiro sidekick de super-herói enquanto limpava o vómito da capa cor de castanho litrosa. Os arranhões na cara denunciavam a luta feroz contra as pedras de calçada. Um vomitava, o outro mijava. Com a cabeça encostada na parede e de pernas afastadas tentava não se pingar com o mijo quente que fumegava enquanto escorria pela parede abaixo na noite gelada. O outro a dois ou a trinta passos de distância, sentado num poial cuspia os restos de arroz de feijão que acompanharam os jaquinzinhos fritos do jantar, enquanto tentava acender um cigarro. Dois passos dados para o lado esquerdo da poça de mijo limpa da mão aquele último pingo na máscara feita de um velho pano de cozinha tingido de “encarnado à Benfica”.<br /><br />Sentados no poial, esfumaçam os últimos cigarros de uma noite da qual apenas já sobram os candeeiros das vielas ainda acesos, enquanto o dia clareia.<br /><br /><span style="font-style: italic;">“Bom dia!”</span> – diz a voz grossa que não é a de Deus.<br /><br /><span style="font-style: italic;">“Bom dia…”</span> – responde, enquanto se levanta desequilibrado e sacode o cú das calças e observa a figura que se encontra na porta com um portentoso bigode.<br /><br /><span style="font-style: italic;">“Sabes, há dias em que mais vale um gajo nem ir à cama…”</span> – diz, enquanto o outro se levanta atirando a ponta do cigarro para o meio das poças de mijo. A mistura do ar frio matinal e o cheiro a lavado do chão acabado de lavar da tasca fere-lhes as narinas.<br /><br /><span style="font-style: italic;">“Ó Chefe! São duas… e duas bicas.”</span> – pedem enquanto se encostam ao balcão.idle_consultanthttp://www.blogger.com/profile/10953331307473350038noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7834771424782076542.post-62568033813260322008-12-12T13:10:00.000+00:002008-12-12T13:20:19.014+00:00<span style="font-style: italic;"><span style="font-weight: bold;">1.</span><br />Cruzam os céus da Metrópole com as suas capas de destilados e fermentados, não querem salvar a Humanidade. Não querem ser salvos. Deus não existe, a inutilidade é uma inevitabilidade. A mesa de metal verde corroído de sessenta por sessenta é o seu casulo, onde se urdem planos de elevado grau etílico e se afagam as misérias.</span><br /><br />“Estou cego! Não vejo!” – O Sol do fim de tarde cega-me, perfura-me as vistas. Mais um pouco e o gigante de pedra salvar-me-á da cegueira incandescente. Belo e doloroso é o brilho do Sol quase posto sobre um copo de imperial vazio. Mais uma! Nunca é só uma, nunca. Nem por uma única vez. A sina de um Homem-Esplanada é proteger a metrópole qual Cristo-Rei de carne e braços fechados.<br /><br />É um camelo. É um Ratzinger. As coisas que se vêem nos pedaços de tinta solta do meu mapa-mundo verde enferrujado. Parecem pequenos choques de uma pilha de nove volts na língua os primeiros goles na imperial gelada que acaba de aterrar à minha beira. Um euro. Uma pequena fortuna, que nunca trocaria por uma litrosa morna e mais barata a dividir por doze “espécie-que-somos-bué-da-diferentes-e-alternativos-e-que-fazemos-ceninhas-com-bolas-e-fitas”. Alguns até com fogo. Excepto fazer algo de verdadeiramente impressionante como irromper em chamas. Um cão, dois cães, um arraçado de labrador, o outro rafeiro de camisa para fora, gravata lassa e litrosa na mão, um misto de jovem executivo sub-gerente de agência bancária de esquina com… Nada me resta no copo. Mais um euro. Nunca é sempre uma.<br /><br />Adoradores do Sol espancam djambés freneticamente, como se o Sol nunca mais se voltasse a pôr. Pouco estranhos aromas povoam os ares. O Sol esconde-se por detrás do rendilhado dos casebres decrépitos da cidade, sendo substituído e pelo tom alaranjado dos candeeiros à antiga alimentados por lâmpadas economizadoras que fazem menos mal a um urso polar do que um flato de uma criança. O Sol desaparece por fim e a noite toma conta da ocorrência. O espancamento de djambés termina. Um certo alívio mistura-se com os aromas canabinóides que pairam sobre as nossas cabeças.<br />Dizem que a metrópole é uma bela cidade para se andar de bicicleta. <span style="font-style: italic;">Ímpios abstémios!</span> Só mesmo quem nunca provou uma gota de álcool nas suas mais belas e múltiplas formas poderá afirmar tal barbaridade. O doce torpor das pernas, a visão enviesada, os ombros que acariciam as paredes. <span style="font-style: italic;">A Lua está cheia, o copo não.</span>idle_consultanthttp://www.blogger.com/profile/10953331307473350038noreply@blogger.com1