9.
Seguiam a mais de duzentos à hora sem capacete, de cabelo ao vento, agrafados ao sofá ao velho. Primos de álcool. Uns Três Duques alarvemente ébrios e destemidos a fugir dos maus.
“Nunca nos apanharão vivos, cabrões!” e outros clichés do género.
Duzentos e muitos, num sofá velho, a bater o red line é obra. A qualquer momento a coisa pode-se desconjuntar toda enquanto perseguimos a televisão com a imagem desfocada e as cores queimadas. O perigo é real. Quase, quase a capotar na curva da morte.
“CABOOOOOOMMMM!” – Hiroshima, Meus Neurónios.
A devastação pós-apocalíptica que sucede ao pequeno cogumelo de fumo que se formou dentro do cabeção é digna de um anime. Eles, os neurónios, pressentem o perigo, temem uns pelos outros. A viagem da ponta do nariz às profundezas do cérebro é veloz.
“Run Forrest, run…” – que te apanham, os vapores das coisas idiotas da vida.
É o Poço da Morte em patins. O bungee jump em elástico do economato. Daqueles grossos, claro.
Fugimos a alta velocidade da suburbanidade letal que ataca a plebe com sonhos de “picket white fences” mas sem as “picket white fences”, dos belos apartamentos, amplos de lindas vistas para a auto-estrada. E os acessos, ai os acessos… tudo ali tão perto.
“Daqui podemos ir para qualquer lado.” – asseguram, não indo a lugar algum.
“Passat por mim no Rossio”. Quase sempre cinzentas, passam por mim na domingueira voltinha dos tristes. Famílias inteiras a exibir o quão mais “cagalhões” são que os outros. A marcha é lenta, lenta.
Segundas, Quartas, Sextas lixo comum. Terças e Sábados plástico. Quintas papel. Domingos, avós, doentes e deficientes.
O Enola Gay aproxima-se perigosamente do nosso sofá prestes a desintegrar-se tal é a velocidade a que nos deslocamos, uma velocidade verdadeiramente próxima do ridículo. Observamos a bomba a cair em nossa direcção em câmara lenta. Aquele silvo, que só se ouve nos filmes de guerra.
“CAAAAABOOOOOOOOOOOOOOM!” – Hiroshima, Nagasaki. Do nosso veículo muito pouco suburbano nada resta, e dos Três Duques de vão de escada apenas restos que nenhum cão rafeiro se atreveria a comer.
“Amanhã é outro dia.”
“Amanhã há mais.”
“Boa noite!”
Sempre, sempre a duzentos e muitos, sem capacete e com o vento a bater nos cabelos já brancos.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Bravo! Clap, clap, clap!
dá-nos mais, homem.
A sério.
Postar um comentário