quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

6.
Há uma angústia húmida que me incomoda, a chuva que não cessa de cair e os breves lampejos sol que não duram uma “imperial”. É uma angústia como aquela que se tem quando se está numa casa de banho forrada a mármore preto e que tem mini-toalhas que são de pano, pano mesmo para secar as mãos e à primeira mija ofuscados por tanta higiene e beleza nos escorre um fio de urina pela perna das calças de tecido que só se usam em casamentos. E a esplanada ali, solitária a enferrujar.

Um Homem-Esplanada, esplanada sempre que pode, mesmo quando as condições são adversas, desde que a Esplanada esteja aberta. Mesmo sob as mais ameaçadoras perspectivas de chuva e trovoada.

Aos primeiros pingos de chuva que caiem na imperial indefesa, há uma ânsia e secreta esperança de que a ameaça não se concretize. Pingo após pingo eles caiem, quais esferas do Totoloto com os números que nunca temos.

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