7.
“You are my sunshine, my only sunshine…” – lambo o pires de amendoins com sal, o terceiro, o meu reflexo no pires é baço e gorduroso. Juro que se semi-cerrar os olhos o Cristo-Rei flutua na espuma da minha imperial. Neste pequeno paraíso todos são livres, as crianças brincam, os traficantes traficam, os cães rebolam, mijam e cagam na relva e os donos dos cães bebem litrosas quentes e rebolam na relva.
Já não tenho idade nem estatuto para me espojar assim na relva e ficar com o cú húmido de mijo de cão alheio. Para mim só o mais digno trono do mais ferrugento ferro verde. Os copos de imperial vazios, estão dispostos sobre a mesa como se de um tabuleiro de xadrez desarrumado se tratasse, mais uma rodada para tentar o xeque-mate.
Há alturas em que nada já importa, quando a pele já se avermelha do sol, os dedos estão negros da tinta do jornal e as letras do pasquim já me parecem desfocadas. Uma Mulher-Esplanada faz um Sudoku manchado por cerveja.
Não percebo o fascínio por um quadrado que tem uns quadrados mais pequenos lá dentro, e imagine-se alguns até números dentro tem. “Exercita o cérebro.” – argumenta a Mulher-Esplanada.
“Faz bem à cabeça.” Ainda demasiado sóbria está esta Mulher-Esplanada hoje.
O que exercita o cérebro é o tentar desenlear-se do novelo de álcool e de tudo o mais que se lhe atire para o entorpecer e o que faz bem à cabeça é não acertar com ela na ombreira da porta ou no chão quando se regressa do rodeo etílico.
“Please don’t take my sunshine away.”
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